O enredo político de Brejo-MA continua a ganhar contornos
dignos de uma peça teatral mal ensaiada — mas friamente calculada. No centro da
trama está ele, o velho cacique político da região, Zé Farias, já conhecido nos
bastidores como o “Fidel Castro do Sertão”. O apelido não é gratuito: assim
como o líder cubano, Zé Farias parece não ter qualquer intenção de deixar o
poder de fato. Mesmo tendo lançado a sobrinha, Thamara Castro, à prefeitura como
uma espécie de sucessora institucional, o comando real nunca saiu de suas mãos.
Fontes ligadas ao grupo da situação revelam que Thamara ocupa
a cadeira, mas não comanda absolutamente nada. Sua autonomia é ilusória, e suas
decisões políticas são, em grande parte, ditadas por quem realmente entende do
xadrez eleitoral: o tio, estrategista e ventríloquo da gestão. A fala corrente
nos bastidores de que a próxima eleição municipal (2028) será “do Dr. Zé Filho”
— genro de Zé Farias — mostra o quanto o teatro da sucessão já está sendo
armado… mas não exatamente da forma que o genro esperava.
O que está em curso é mais um capítulo da velha política
brejense, onde o poder não é passado, mas manipulado. O vice-prefeito da
legislatura anterior, já com o “sinal verde” de Zé Farias, começou a se
movimentar com articulações e pré-campanhas, como se fosse o herdeiro natural.
E Dr. Zé Filho? Este, que sonha há tempos com o trono do Executivo municipal,
parece estar sendo escanteado pelo próprio sogro, que agora o enreda com
silêncios e manobras que lembram um jogo de xadrez onde o rei nunca pretende
cair, mas sempre sacrifica os peões.
É irônico — e revelador — que a própria prefeita Thamara, em
conversas reservadas, tenha manifestado apoio ao Dr. Zé Filho, apostando que ele
será o próximo nome da família no poder. Esquece, porém, que no tabuleiro de Zé
Farias, ela mesma é apenas uma peça deslocável, sem peso político real, sem
articulação própria, sem comando — a prefeita de direito, mas não de fato.
A questão que emerge é: até quando Brejo-MA vai aceitar ser
governado por um esquema político de fachada? Onde os nomes nas urnas não
refletem os que realmente mandam nos bastidores? Onde decisões são tomadas numa
única casa e disseminadas como verdades absolutas por cabos eleitorais fiéis,
que se alimentam de favores e cargos comissionados?
O “Fidel Castro do Sertão” segue estendendo sua dinastia
política — agora já se fala que ele será o mentor de mais uma candidatura,
ignorando as ambições legítimas do genro e o frágil prestígio da
sobrinha-prefeita. Em uma cidade onde a alternância de poder se tornou uma
ficção, e onde o jogo democrático é manipulado como um roteiro de novela, a
única certeza é que Zé Farias não quer largar o osso — e muito menos permitir
que o poder escape de suas mãos, nem mesmo pelas vias do sangue.
Resta saber se o povo de Brejo vai continuar aplaudindo esse
teatro — ou se, em 2028, o palco vai ruir sob o peso de sua própria encenação.