Os municípios são acusados de terem inserido dados falsos majorados no
Censo Escolar, na modalidade de EJA, para ampliar o recebimento de recursos
federais.
Após ações civis públicas propostas pelo Ministério Público Federal (MPF), dez municípios maranhenses tiveram bloqueio de R$ 134 milhões nos valores recebidos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), ao longo do ano de 2024. Nas ações, propostas na Justiça Federal, os municípios são acusados de terem inserido dados falsos majorados no Censo Escolar, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA), para ampliar o recebimento de recursos federais do Fundeb.
Os municípios que tiveram valores bloqueados por
decisão da Justiça Federal no Maranhão foram: São Bernardo, Santa Quitéria, Zé
Doca, Maranhãozinho, Igarapé do Meio, Serrano do Maranhão, Pio XII, Bacuri,
Satubinha e Altamira do Maranhão.
Segundo o Procurador
Regional da República Juraci Guimarães, coordenador das investigações, “a partir da constatação que esses municípios estavam recebendo
irregularmente recursos do Fundeb, ao incluir alunos fantasmas do EJA no
sistema do Censo Escolar, foi necessário bloquear judicialmente esses valores
para que não fossem desviados para fins ilícitos”.
Com fundamento em análise de critérios de risco
estabelecidos pela Controladoria-Geral da União (CGU), o MPF requereu ao
Tribunal de Contas do Estado Maranhão (TCE-MA) a realização de auditorias em
mais 23 municípios com indícios de fraude ao Censo Escolar.
Foram eles: Matões do Norte, Milagres do Maranhão,
Pastos Bons, Água Doce do Maranhão, Aldeias Altas, Centro do Guilherme,
Carolina, Santana do Maranhão, Afonso Cunha, Amapá do Maranhão, Magalhães de
Almeida, Araguanã, Cândido Mendes, São Francisco do Maranhão, Lajeado Novo,
Paulo Ramos, Pedro do Rosario, Coelho Neto, Brejo, Turilândia, Araioses,
Chapadinha e Cantanhede.
Também foi determinado pelo MPF a instauração de
inquéritos policiais para apurar os responsáveis pelos crimes praticados. Os
inquéritos resultaram no cumprimento, pela Polícia Federal, de medidas
cautelares de prisão de agentes públicos, busca e apreensão e bloqueio de
recursos de empresas, por meio de operações realizadas nos municípios de Santa
Quitéria, São Bernardo e Serrano do Maranhão.
As investigações realizadas pelo MPF ainda
resultaram na correção dos números de alunos matriculados no EJA em
praticamente todos os municípios maranhenses no Censo Escolar de 2024. Em
comparação a 2023, houve queda de 31% nas matrículas, sendo que, nos 10
municípios que foram alvos de ações do MPF, a queda foi de 50%.
Em relação ao dinheiro bloqueado, R$ 3 milhões já
foi devolvido ao Fundeb no primeiro acordo homologado judicialmente entre o
MPF, o município de Serrano do Maranhão, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da
Educação (FNDE) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), sem prejuízo da responsabilidade criminal e improbidade
administrativa dos envolvidos. Propostas de devolução de mais dois municípios
investigados estão em fase de análise.
Para Juraci Guimarães, “a EJA é
fundamental para diminuir a taxa de analfabetismo de jovens e adultos que, infelizmente,
não tiveram a oportunidade de realizar o ensino regular, principalmente, em
estados como o Maranhão. Contudo, o Censo Escolar, a mais importante ferramenta
para subsidiar as políticas públicas de educação no Brasil, não pode ser objeto
de fraude para o desvio de recursos públicos, devendo o Ministério Público
Federal e demais órgãos do sistema de justiça adotarem todas as medidas legais
para proteger o patrimônio público e punir os responsáveis”,
concluiu.
Fonte: https://oimparcial.com.br/
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