AGENOR MORAES (1927-1989) UM EMPREENDEDOR NATO
Por: Pedro Portela
Alcides Moraes (1899-1959) nasceu na cidade de Piripiri no
vizinho estado do Piauí e veio morar na cidade de Brejo ainda adolescente. Aqui
trabalhou como balconista (vendedor) no comércio de Antônio Guilherme que
ficava no térreo do prédio onde atualmente funciona a Câmara Municipal. Tinha
pouco estudo, mas era possuidor de uma inteligência muito aguçada. Exerceu a
advocacia, como advogado provisionado, foi comerciante e vereador.
Casou com Anna Vieira de Moraes (1900-1990) em 1917 e no mesmo ano foi morar
numa humilde casa no Zé Gomes. Tiveram dez filhos: Alcino, José, Aderson,
Arlindo, Agenor, Antenor, Alcy, Aldofo, Aurideia e Adilson.
Quase todos eles fizeram faculdade, mas Agenor – que ainda chegou a frequentar
um curso ginasial por um ano em Parnaíba – decidiu que queria mesmo era ser
comerciante no Brejo, e voltou.
Encantou-se pela bela jovem Ivanilde Carvalho, treze anos mais nova que ele,
filha de Ismar Carvalho – adversário político de seu pai. Quando ela tomou
conhecimento das pretensões de namoro do seu admirador, demonstrou total
desinteresse. Mas Agenor levou muito a sério o propósito de conquistá-la. Por
conta disso foi três vezes a Parnaíba, onde ela estudava, para certificar-se de
que não aparecera nenhum rival. E a cada vez que seu informante afirmava que
ela não tinha namorado, ele voltava mais convicto de que ela ainda seria a sua
esposa. Até que chegou o dia da proposta, não de namoro e sim de casamento. Ele
chegou para ela disse que já estava construindo a residência e quando esta
estivesse pronta ele iria se casar com ela. E foi exatamente o que aconteceu no
ano de 1961, quando ele tinha 34 anos de idade e ela tinha 21. E geraram nove
filhos: Agenilde, Ildenor, Virgínia Cely, Iranilde, Agenor Filho (in memoriam),
Fernando, Íbera, Ibélia e David.
Agenor Moraes iniciou a atividade comercial no Zé Gomes em 1942, aos quinzes
anos de idade. Ele deu continuidade a um negócio iniciado por seu pai em 1922.
E não se conteve apenas com a atividade comercial, ampliando os negócios também
para a fabricação de alguns produtos: forno de farinha, foice, lamparina,
funil, prato, copo caneco (de metal); mala (de madeira); cal (de pedra trazida
do povoado Perneta); bala e pirulito (de açúcar)...
Tinha uma usina de beneficiamento de arroz e outra de algodão, uma serraria,
uma loja de tecido, uma farmácia com quase todos os medicamentos da época
(principalmente os naturais), uma máquina de prensar jaborandi, e uma granja de
pombos.
Somente os negócios no Zé Gomes envolviam mais de trinta funcionários. Os que
moravam distante se abrigavam na república ao lado da loja, onde eles dormiam e
recebiam as refeições que eram feitas em tachos. O cardápio dos empregados era
o mesmo da família.
O estabelecimento comercial continha seis armazéns (depósitos), onde eram
armazenados: cachaça e rapadura, babaçu e tucum, jaborandi (arruda), fava
danta, bacuri, e as farinhas (seca, de puba e de goma).
A Casa Bandeira Verde era especializada na compra e venda de couro de animais,
principalmente de caprinos e de bovinos. Vendia também caroço de bacuri (para
indústrias de sabão) e mucuna -feijão preto para ração animal. E exportava
jaborandi para a Alemanha.
Do outro lado da estrada ficava um Rancho com armadores paras redes de dormir,
poço e banheiro. Ali servia de hospedagem aos passageiros dos paus-de-arara e
aos condutores de animais. Muitos recebiam refeições por conta do proprietário.
Agenor Moraes tornou-se o maior atacadista da região e abastecia os principais
povoados de Brejo, Santa Quitéria, Anapurus, Mata Roma, Urbano Santos e alguns
de Buriti. Um caminhão, repleto de mercadorias, fazia duas rotas por semana,
saindo terça e sexta-feira. Na comitiva ia um motorista, três ajudantes e um
filho do patrão (Ildenor ou Fernando).
Havia também um depósito no Bairro Olaria que funcionava como base de compra de
pote e cachimbo de barro, chapéu de palha de carnaúba e tucum.
Além disso, existia um prédio enorme no centro da cidade onde funcionava o Bar
Fátima (que produzia sorvete e picolé de palito), o Clube 11 de Julho e um Mini
Cassino.
Todos esses negócios foram administrados por uma pessoa de pouco estudo, mas de
uma visão empreendedora fora do comum. Que soube educar os filhos ao lado de
uma mulher amável, prendada e zelosa. E que deixou um legado imensurável:
ensinou os filhos a trabalhar desde pequenos, envolvendo-os nos negócios da
família e ensinando-os a ter responsabilidade. O Grupo Bandeira Verde é o maior
conglomerado da região porque os seus herdeiros aprenderam a trabalhar cedo e
souberam administrar o legado deixado pelo avô e pelo pai.
Agenor Vieira de Moraes nasceu no dia 22 de setembro de 1927 e desencarnou no
dia 2 de maio de 1989.