
Foto divulgação
Por Philippe GRÉLARD
Costa do Sauipe — O
pentacampeão Brasil, que joga a Copa do Mundo-2014 no quintal de casa, é o
grande favorito, mas o fato de ser o país-sede e cabeça de chave não garante um
grupo fácil, em função do formato escolhido pela Fifa para o sorteio desta
sexta-feira.
A 188
dias do pontapé inicial (12 de junho em São Paulo), Luiz Felipe Scolari, que
voltou ao comando da seleção no ano passado, vai rezar para que Cafu, seu
capitão na conquista do penta em 2002, traga sorte. O ex-lateral direito será
um dos grandes da história do futebol escolhidos para participar do sorteio.
Debaixo
do sol da Costa do Sauípe, num resort luxuoso a 70 km de Salvador, Felipão já
sua frio com as possibilidades deste sorteio, que tem início marcado para
14h00, horário de Brasília.
"Todos
querem participar da Copa do Mundo ao ver a paixão dos brasileiros pelo
futebol", disse nesta quinta-feira o ex-craque Ronaldo, que marcou dois
gols diante da Alemanha, na final do Mundial de 2002, e viajou o mundo como
embaixador da competição.
Nesta
edição do sorteio, na 1ª etapa será sorteada uma das nove equipes europeias que
não são cabeças de chave (pote 4) para fazer parte do pote 2 (sul-americanos e
africanos). Esta seleção ficará obrigatoriamente no grupo de um cabeça de chave
sul-americano, Brasil, Argentina, Colômbia ou Uruguai.
Este
sul-americano herdará então dois representantes do velho continente no grupo,
já que ainda terá que sortear uma equipe do pote 4, no qual o Portugal de
Cristiano Ronaldo, a Itália de Balotelli e a Holanda de Robben podem estar
esperando.
Um
grupo da morte seria possível neste caso. No sorteio-teste desta quinta-feira,
por exemplo, França, Itália e Austrália caíram no Grupo A do Brasil.
Caso
este grupo se confirmar na sexta-feira, pela primeira vez na história das Copas
três campeões mundiais fariam parte da mesma chave.
Os
brasileiros, mesmo assumindo o papel de favoritos após a volta de Felipão há um
ano (com o título da Copa das Confederações conquistado com brilho em julho),
ainda temem a França, desde a fatídica final do Mundial-1998, que teve como
protagonista um certo Zinedine Zidane, que também estará presente no sorteio
desta sexta-feira.
O Brasil,
evidentemente, reza por um sorteio tranquilo, que poderia colocar em seu grupo
Argélia, Austrália e Bósnia, por exemplo. "Não
estou preocupado", disse o ex-jogador da seleção Bebeto, que também
admitiu preferir um grupo "tranquilo" para o Brasil.
Nadando
contra a corrente, Zinedine Zidane acredita que a França precisa de um grupo
duro. "Nunca
há bons sorteios, mas um grupo difícil, logo de entrada, seria melhor para a
França, que precisaria entrar ligada na competição", explicou.
A
vantagem de ser o país-sede é que a equipe de Neymar, mesmo não sabendo ainda
contra quem vai disputar, sabe com antecedência onde jogará, já que herdará
automaticamente a posição 1 do Grupo A, com partidas em São Paulo (12 de
junho), Fortaleza (17) e Brasília (23). 193
emissoras transmitirão sorteio.
Os fãs
de futebol do mundo todo - a cerimônia de sorteio, que terá duração de uma hora
e meia, será transmitida para 193 emissoras - se interessarão também por
descobrir o destino reservado para uma Espanha tida como envelhecida e uma
Alemanha impressionante, além da Inglaterra de Rooney, a Argentina de Messi ou
ainda o Uruguai de Suárez.
Num
Brasil de 200 milhões de habitantes, onde o futebol é uma religião, a tensão e
a paixão serão palpáveis nesta sexta-feira. Das 30 rádios credenciadas para
cobrir o sorteio, 17 são brasileiras.
O
jornal O Globo já deixou o suspense pairando na Costa do Sauípe, ao afirmar que
Pelé seria o convidado surpresa e que o 'rei do futebol' teria um "papel
especial" na cerimônia.
"O
Brasil é o único país que participou de todas as Copas do Mundo, o único a ter
vencido cinco vezes, e o país - com todo respeito aos outros grandes jogadores
do planeta- que teve o maior de todos, Pelé", declarou esta semana o
ministro dos Esportes, Aldo Rebelo. O palco está montado.