Por: Estadão
![]() |
Ministro Gilmar Mendes retorna de
Portugal nesta terça-feira para participar de votação de habeas corpus de Lula
Foto: Carlos Humberto / SCO/STF / SCO/STF
|
Para o ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF) Gilmar Mendes há um coquetel no Brasil neste momento que mistura
crise política, aproximação da eleição presidencial e uma surpresa: a
condenação em 2ª instância de um ex-presidente da República, que lidera as
pesquisas de intenção de voto. A avaliação foi feita nesta terça-feira (3) em
Portugal, onde o magistrado participa de um evento, em Lisboa.
O STF retoma na quarta-feira (4) a
decisão sobre o pedido de habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva e, por isso, Mendes volta nesta terça ao Brasil.
— Nós temos um coquetel neste
momento: toda a crise política, muito adensada, misturada com as eleições e um
quadro grave que contribui para esta divisão (de opiniões no país). O
importante é que nós façamos o nosso job, façamos o nosso trabalho. E passemos
por mais essa fase de crise — declarou.
Além disso, conforme o ministro,
houve o "elemento-surpresa" que é a condenação em segundo grau de um
candidato a presidente, mas que lidera as pesquisas.
— Isto é um componente mais grave
para este coquetel. Tudo isso contribui para essa tensão — avaliou.
Questionado por um jornalista
português sobre se o julgamento desta quarta mancha a imagem do Brasil no
exterior, Mendes avaliou que, de que um lado, pode ser negativo.
— Sem dúvida nenhuma, há prejuízos
para o Brasil pelo menos no curto prazo. A médio e a longo prazo, eu acho que
isso é positivo, porque há um quadro de corrupção que está sendo combatido —
disse.
O Brasil, segundo ele, está fazendo o
seu dever de casa e está cumprindo seus compromissos internacionais de combater
a corrupção.
— Mas, é claro, ter um ex-presidente
da República, um asset como o Lula, condenado, é muito negativo para o Brasil —
avaliou.
Na quinta-feira (5), Mendes pretende
retornar a Portugal para o encerramento do seminário.
"Não
vai todo mundo recorrer"
Gilmar Mendes fez um alerta sobre a
defesa de parte da população em um caso específico, lembrando que ele poderá
valer como referência para os próximos.
— Há questões na Justiça criminal,
por exemplo: se se concede um habeas corpus para alguém e limita o poder de
juiz, de promotor, de delegado, irrita muitas pessoas, mas a gente está
protegendo aquele que está ficando irritado porque o desmando de poder em dado
momento vai atingir também aquelas pessoas que antes torciam para a prisão de
A, mas depois vem o B, o C — declarou.
Para ele, é enganosa a avaliação que
circula em algumas correntes de interpretação de que criminosos poderiam se
beneficiar, por exemplo, da decisão que o STF poderá tomar amanhã.
— Fala-se sobre pedófilos, mas na
versão de 2009 já se admite a prisão deles. Então está se falando uma coisa que
é absurda — afirmou.
O ministro também descartou a
possibilidade de haver uma enxurrada de pedidos na mesma linha da decisão do
STF nesta quarta, usando o caso como um precedente.
— Não vai todo mundo recorrer como se fala por aí.
Isso faz parte do jogo de desinformação que está aí. Se o Tribunal decidir que
se exige um dado procedimento terá também que estabelecer limites — apontou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos comentários postados em nosso site serão primeiro moderados pelos administradores, e os comentários que forem maldosos, preconceituosos e impróprios ao site e aos nossos leitores não serão publicados.