Não
se sabe ao certo, mas uma possível origem do Dia da Mentira pode estar
relacionada com a mudança da comemoração do Ano Novo ocorrida no século XVI.
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Pequenas marionetes representando o personagem Pinóquio, um dos maiores símbolos da mentira |
Celebrado
em 1º de abril, o Dia da Mentira é o momento para se contar casos
estapafúrdios, mentiras grotescas e outras mais credíveis, além de criar as
condições para a pregação de peças em amigos.
Não
se sabe ao certo a origem do Dia da Mentira, possivelmente está relacionada com
as mudanças no calendário propostas no Concílio de Trento, em 1548, e
implantadas pelo papa Gregório XIII em 1582.
Nesse
meio tempo, o rei francês Carlos IX ordenou que, a partir do ano de 1564, o Ano
Novo fosse celebrado no dia 01 de janeiro, e não mais em 25 de março, o início
da primavera no Hemisfério Norte, como era a tradição na maior parte da Europa.
Porém,
havia uma grande dificuldade na comunicação das ordenações régias. Os meios de
comunicação eram precários e lentos, e as informações não chegavam rapidamente
a todas as partes de um reino. A ordem régia só foi efetivamente cumprida na
maior parte dos locais do reino francês em 1567.
Isso
pode explicar o motivo que levava algumas pessoas a continuar comemorando o Ano
Novo em 25 de março. Como algumas pessoas sabiam da mudança do dia da
comemoração, passaram a zombar das demais, que estariam comemorando o Ano Novo
em um dia falso. A partir daí, a prática foi difundindo-se, transformando o 1º
de abril no Dia da Mentira.
A
brincadeira iniciou-se na França e dispersou-se para outros locais da Europa
nos séculos seguintes. Na Inglaterra e nos EUA, por exemplo, o dia é conhecido
como “April Fool's Day” ou “All Fool's Day”, significando algo como o Dia dos
Tolos de Abril ou Dia de Todos os Tolos.
O
motivo de mudança de data do Ano Novo poderia ainda estar relacionado com o
fato de a comemoração no início da primavera estar relacionada com práticas
pagãs, e não cristãs. A ligação de fenômenos naturais – como a primavera – com
possíveis espíritos divinos contrariava as práticas cristãs de um Deus único,
não ligado às forças da natureza. Com o início da primavera, comemorava-se
também a entrada do período da fertilidade, em que se realizavam as semeaduras
e havia o desabrochar das flores das espécies vegetais.
À
época, durante o século XVI, a passagem do tempo era muito mais identificada
com as estações do ano do que com os calendários. As comemorações ocorriam no
final de março porque era o momento da passagem do inverno para a primavera.
Entre 25 e 31 de março ocorriam festas de celebrações, sendo que no início do
mês seguinte, abril, a vida voltava ao normal.
Mas a
primavera no Hemisfério Norte não se inicia no dia 21 de março? Hoje em dia
sim, mas até o ano de 1583, não. Essa mudança está relacionada com a adoção do
calendário gregoriano, implementada pelo papa Gregório XIII, em 1582, como foi
mencionado acima.
Havia
uma defasagem de 10 dias entre as datas do calendário e os eventos decorrentes
dos movimentos celestes, como os do sol e da lua. A Igreja católica pretendia
fazer coincidir o início da primavera com o dia 21 de março, em 1583, e assim
estipular uma data única para a comemoração da Páscoa cristã, já que a data
variava em várias áreas do cristianismo católico.
Para
realizar a mudança, foi instituído que, após a quinta-feira, 04 de outubro de
1582, iniciar-se-ia a sexta-feira, 15 de outubro de 1582. E por incrível que
pareça, isso não é mentira.
Fonte:
http://mundoeducacao.bol.uol.com.br