No ano que se passou havia muitas especulações sobre quem seria o nome que representaria o grupo Furtado-Caldas na eleição desse ano. Após o evento de filiação do Partido Progressista em Brejo em Setembro de 2015 o mistério chegou ao fim: a vereadora Olívia Caldas é confirmada como a pré-candidata a prefeita do grupo. Sim é uma jovem carismática, mas a baixa popularidade do prefeito, escândalos no grupo e os 16 anos somados de administração daqueles que a apoiam podem ser a pedra no sapato que impedirá o projeto de se eleger.

Filha de dois ex-prefeitos de Brejo, Carlota e Chico Caldas, Olívia entra na carreira política prejudicada. Para chegar nessa conclusão é preciso traçar uma linha histórica que a antecede, começando pelas nuances do grupo de seus pais.  O grupo político dos  pais de Olívia já viveu dias de glórias, mas desde 2004 entrou num processo de decadência onde além de perder credibilidade perdeu também muitos eleitores. O motivo desse declínio meteórico se deve às escolhas e alianças que seus pais fizeram nos últimos dez anos. Carlota e Chico Caldas sozinhos não têm votos o suficiente para eleger sua filha como prefeita. A prova disso começa com a esmagadora derrota que Carlota sofreu nas eleições de 2004, quando Omar se elegeu. Sem fôlego e com baixa popularidade, em vão o grupo tentou uma campanha em 2008 dessa vez com Chico Caldas à frente. A resposta dos eleitores foi tão fraca e a campanha tão depressiva que Chico Caldas renunciou a candidatura e resolveu apoiar Zé Farias, que ganharia facilmente mesmo sem o apoio dos Caldas. Com orgulho ferido eles romperam Zé pouco tempo depois e o grupo passou a vegetar. Mas nas eleições de 2012 eles voltaram surpreendendo todos os brejenses unindo-se ao inimigo histórico: o grupo de Omar Furtado. Essa união foi de fato o maior motivo para perca de credibilidade de vez. Boa parte dos poucos eleitores deles caiu fora por não entender a incoerência das atitudes dos Caldas. Sobraram apenas os mais velhos, alguns parentes e poucos apaixonados. A vitória de Omar em 2012 não se deve exatamente à união com Chico Caldas, mas sim aos decepcionados com Zé e uma mínima parcela de votos dos Caldas que fez a pequena diferença necessária para a vitória. Eles sabem disso. 
O que se comenta também é que a candidatura de Olívia neste ano já havia sido um acordo feito no ato de união dos grupos em 2012. Mas o que parecia ser o plano perfeito se mostra que vai ser um tiro no pé. A união de Carlota, Chico Caldas e Omar foi apresentada como uma esperança, mas três anos após a vitória mostra-se tragicamente o contrário. A cidade passa a pior crise que já viveu em 145 anos de emancipação política. É nesse ponto que Olívia e sua pré-candidatura são prejudicadas novamente. A principiante vereadora começa sua campanha com a imagem afetada indiretamente aos escândalos de corrupção de seu grupo. O escândalo com a empesa Florescer, o dinheiro do FUNDEB, notas “geladas” vazam na internet diariamente. A cidade está feia, com sérios problemas de infraestrutura, suja, secretarias defasadas, os serviços básicos comprometidos e outra lista imensa de problemas. Certamente, Olívia não tenha ligação direta com tais eventos, mas não se pode negar que isso é um prato cheio para a oposição cada vez mais solidificada e será ela quem deverá pagar pelos pecados do seu grupo como alvo preferencial do arsenal (que não é pouco e nem fraco) preparado pelos outros candidatos.

Para piorar o que já não é animador, tudo isso acontece nos dias de advento das redes sociais onde todo mundo expressa sua opinião e muitas páginas se dedicam a escancarar a corrupção que tem destruído Brejo. As pessoas também já não são mais os eleitores de dez ou 15 anos atrás, passivos, subordinados. O brasileiro vê atualmente a política com olhos mais críticos, forçados a isso pelos inúmeros escândalos a nível nacional. Mas basear-se pela internet é muito fraco para fundamentar isso, por isso qualquer dedo de prosa com qualquer brejense em qualquer rua pode servir de prova do quanto estão decepcionados com a atual gestão. Há muita gente de dentro do próprio grupo que está insatisfeito e esperando as eleições para “descontar” a raiva nas urnas.

Outra crítica que se faz a Olívia é o fato de que ela não tenha autonomia nenhuma em uma eventual gestão. Traduzindo em linguagem clara as pessoas são unanimes em dizer que “quem vai mandar é o pai, a mãe e o Omar!”. Temos que ter certa cautela nessa afirmação. Olívia é principiante, digamos assim, é absolutamente natural que ela conte sim a ajuda do Carlota, Chico e Omar, afinal são políticos experientes e todos já foram prefeitos. O que é preocupante é até que ponto esse auxílio pode se tornar um controle total e nisso ela sirva apenas de sua mão para assinar as decisões dos mentores. Afinal de contas ela não chegaria ao poder sozinha, portanto desobedecer à mãe, o pai e quem lhe deram votos é quase impossível. A falta de autonomia de Olívia é preocupante sim. E por um único motivo: o que mudará? Talvez nem os secretários, no mínimo, segundo dizem, uma dança de cadeiras. Pois no contexto atual, Olívia infelizmente não representa nem novidade, nem mudança na política local por fatores óbvios. Por enquanto vemos um aparente otimismo do grupo que no fundo parece esconder preocupações. A máquina pública a favor sempre causou ilusão no grupo da situação. De Carlota, passando por Omar chegando em Zé Farias, todos quando tentaram a reeleição estavam convencidos da vitória e não pouparam para isso, mas nunca tiveram êxito.

Olívia tem votos, aliás, os votos de seus pais e Omar. O grande desafio vai ser  conquistar os brejenses desconfiados, duvidosos, que não parecem estar dispostos a dar continuidades ao modelo Caldas-Furtados de governar Brejo, que aliás, já governaram demais. Olívia promete deixar sua marca, seu jeito de governar, algo diferente dos seus antecessores. De positivo Olívia tem o fato de ser mulher, jovem e um pretenso plano de governo apreciável, mas qual pré-candidato não apresenta propostas boas? Nunca se viu um candidato entrar na campanha dizendo que vai destruir, roubar e fazer o povo infeliz.